A mim, muito apraz as maravilhosas poesias de Pablo Neruda; talvez, por isso, tenha escolhido como primeira postagem a poesia “o teu riso”. Leias com vagar; deguste cada frase... cada verso; depois, busque em tua memória de quem é o riso sem o qual não podes viver...
Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito brota da tua alegria,
a repentina ondade prata que em ti nasce.
A minha luta é dura
e regresso com os olhos cansados
às vezes por ver que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas as portas da vida.
Meu amor, nos momentos mais escuros
solta o teu riso
e se de súbito vires
que o meu sangue mancha as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer sua cascata de espuma,
e na primavera , amor,
quero teu riso como a flor que esperava,
a flor azul, a rosada minha pátria sonora.
Ri-te da noite,do dia, da lua,
ri-te das ruas tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro rapaz que te ama,
mas quando abro os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso, porque então morreria.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário