O bicho, meu Deus, era um homem.

Não precisamos de tv, de ir à África, de ir ao Sertão para ver a fome.
As saídas com a turma de futuros colegas causídicos ao Sousa até então não tinham rendido mais que boas gargalhadas e quilinhos extras.
Ontem a miséria foi tão mais evidente que perdi o sossêgo. Vários pedintes rondando as mesas vazias do estabelecimento, sob chuvisco, comendo restos e bebendo os últimos mls de refrigerante deixados pelos clientes.
Pedir moedas não adiantava e a fome parecia não doer também nos que negavam a ajuda. Paguei um cachorro-quente com o dinheiro que eu NÃO tinha pra diminuir a agonia de um homem.
Não que eu seja a boa samaritana, que eu queira comprar um lote no céu (o que até virou piadinha hehehe) e lalala_ Eu só não consigo entender como chegamos a esse ponto de insensibilidade.
Pra quem quer mudar o mundo, eu dou um conselho: comece com que está ao seu lado - família, vizinhança, comunidade. Tome uma iniciativa, não se deixe encrudecer, ou o bicho, meu Deus, será você!

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"Se alcunharam de ser em tudo

mesmo sem juízo o fizeram

mas grande mistério e miséria

o mesmo me dá vômitos

como a qualquer outra criatura

e outra coisa não era"

Amandu

Rafa Andrade